Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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UMA EXPERIÊNCIA DE PRECEPTORIA NA FORMAÇÃO DO AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE COM ÊNFASE NA EDUCAÇÃO POPULAR
Ana Paula Massadar Morel

Resumo


A função pedagógica da preceptoria na área de saúde é frequentemente associada à articulação entre os saberes teóricos adquiridos na formação e a prática profissional cotidiana dos educandos. A preceptoria do Curso Técnico de Agentes Comunitários de Saúde (CTACS), oferecido pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/FIOCRUZ) em 2013, busca realizar esta articulação, tendo por foco a abordagem da Educação Popular. A ênfase na Educação Popular se dá, pois além de ser um princípio pedagógico relevante para atuação junto ao ACS, deve ser também estimulada como parte constituinte do trabalho deste profissional junto à população. Considera-se que a Educação Popular, que tem como base o diálogo, a valorização dos saberes populares, a contextualização dos conhecimentos, dentre outros princípios, é fundamental para a atuação desse profissional dentro da Estratégia de Saúde da Família. Compreende-se ainda que a ESF deve auxiliar na transformação do modelo assistencial de saúde, hoje predominantemente biomédico. O objetivo é, então, estimular e valorizar a atuação do ACS como educador que media os diversos saberes, populares e médicos, na busca da prevenção e promoção da saúde. O curso de que tratamos é composto das II e III etapas formativas e se iniciou em maio de 2013, com 33 alunos. A equipe de preceptores é composta por três profissionais com formação na área da saúde e ciências sociais, todos com experiências anteriores em Educação Popular. Por ter uma função pedagógica original em relação a outras experiências de preceptoria, as atividades realizadas por esta equipe vêm sendo criadas, debatidas e avaliadas durante o próprio desenrolar do curso. Já foram realizadas oficinas e intervenções nas aulas dos professores fixos, debate com movimentos sociais sobre formas de organização popular, atividade sobre a situação sociopolítica da cidade, acompanhamento do diagnóstico situacional da micro-área dos ACS e trabalho de campo. Essas experiências estão o tempo todo em diálogo com a realidade de trabalho do ACS, que muitas vezes apresenta uma série de limitações para a realização da Educação Popular em seu cotidiano profissional. Um exemplo claro disso é a burocratização crescente do seu trabalho que parece caminhar na contramão de uma prática educativa transformadora. Essas questões nos fazem refletir constantemente sobre os desafios e caminhos da implantação da Educação Popular na formação do ACS.

Palavras-chave


Agente Comunitário de Saúde; Preceptoria; Educação Popular