Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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AMPARO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL ATRAVÉS DO ESPORTE NA ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA E CULTURAL DE PITUAÇU
Jarbas Carneiro Mota, Iane Araújo Macêdo, Ravenalla Oliveira Pinho

Resumo


De uma atividade desinteressada, o esporte torna-se uma atividade com sistemas de interesses ampliados, incorporando uma variedade de atores e conflitos (GIOVANNI, 1995) e sendo alvo de interesses cada vez mais amplos, passando de uma atividade com um fim em si mesmo para um instrumento de efetivação de fins externos a ele (LINHALES, 2001). Dessa forma, o esporte como um direito garantido pela constituição, passa, por meio dos projetos sócio-esportivos, a ser direcionado para uma parcela específica da população: crianças e adolescentes em vulnerabilidade social. Resultado de um semestre de pesquisa do componente Campo da Saúde: Saberes e Práticas (HACA40) da Universidade Federal da Bahia, o presente estudo, observacional e de caráter exploratório propôs como objetivo geral a ser alcançado mostrar as mudanças na vida do jovem em vulnerabilidade social através do incentivo a prática esportiva na Associação Esportiva e Cultural de Pituaçu (AECP), no período complementar ao período educacional. Esse estudo utilizou uma metodologia quanti-qualitativa, desenvolvida através de distintos métodos e instrumentos: análise documental, aplicação de questionários semiestruturados e realização de entrevistas narrativas, em duas fases: (1) estudo e análise do documento: “Situação da Adolescência Brasileira 2011 – O direito de ser adolescente: Oportunidade para reduzir vulnerabilidades e superar desigualdades”, construído pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), e suas referências bibliográficas; (2) trabalho de campo na AECP durante dois meses e realização de 50 entrevistas, um quarto dos jovens atingidos, além de relatos narrativos da população local e dos envolvidos com o projeto e implementação de atividades para conhecer a fundo o projeto, as práticas esportivas e os impactos que elas provocam nos índices de pobreza, escolaridade, violência, DST/AIDS e uso de drogas. A maior parte dos atendidos na AECP está na faixa etária de 8 a 13 anos, representando 80% e 77% é da raça/cor preta ou parda. Quanto ao uso de drogas, 30% dos atendidos afirmam já ter usado algum tipo de droga, onde 45% já usaram bebida alcoólica para se drogar, 22% já usaram cigarro e 33% já usaram maconha pelo menos uma vez. 70% afirmaram que depois da participação nas atividades da associação melhoraram as notas. 33% afirmam ter adquirido mais disciplina depois que começaram a participar das atividades, 30% afirmam que melhoraram sua educação, 17% afirmam que as atividades trouxeram mais cidadania e 10% afirmam ter melhorado a saúde e ampliaram o rendimento no esporte. Toda a abordagem realizada serviu para demonstrar e confirmar a nova face assumida pelo esporte na sociedade contemporânea, no sentido de solucionar e/ou atenuar problemas, sendo assimilada como valiosa estratégia para o alcance da transformação social, concluindo que a prática do esporte pode contribuir para o desenvolvimento saudável de adolescentes. .

Palavras-chave


Vulnerabilidade Social; Esporte; Criança e Adolescente

Referências


ABRAMOVAY, Miriam et al. Juventude, violência e vulnerabilidade social na América Latina. Juventude, violência e vulnerabilidade social na América Latina, 2002.

DI GIOVANNI, Geraldo. Mercantilização das práticas corporais: o esporte na sociedade de consumo de massa. Revista Gestão Industrial, v. 1, n. 1, 2005.

LINHALES, Meily Assbú; ASSBÚ, M. Jogos da política, jogos do esporte: subsídios à reflexão sobre políticas públicas para o setor esportivo. Lazer e esporte: políticas públicas. Campinas, SP: Autores Associados, p. 31-56, 2001.

MELO, Marcelo Paula de. Lazer, Esporte e Cidadania: debatendo a nova moda do momento. Movimento (ESEF/UFRGS), v. 10, n. 2, p. 105-122, 2007.

NOVO, Marina Pereira; CUNHA, Júnia Valéria Quiroga da; JANNUZZI, Paulo de Martino. Situação da Adolescência Brasileira 2011: O direito de ser adolescente: oportunidade para reduzir vulnerabilidades e superar desigualdades. Revista Brasileira de Monitoramento e Avaliação, n. 2, p. 155-159, 2011.