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Este trabalho tem por objetivo discutir o papel da gerência de território como dispositivo de gestão do cuidado, a partir da experiência do estágio de residentes em Saúde Coletiva, realizado em um dos seis distritos sanitários do município do Recife. O trabalho surge das inquietações dos residentes em relação ao lugar da GT enquanto ferramenta de ampliação da resolutividade na atenção à saúde no contexto do Modelo de Atenção “Em Defesa da Vida” adotado pelo município, em contraposição a um modelo de saúde centrado em procedimentos e na queixa individual, ainda expressivo como modelo vigente. O MDV traz a concepção da construção de tecnologias de cuidado pautadas na promoção da saúde e na reorganização dos processos de trabalho. Traz como diretrizes a cogestão do trabalho em equipe e a clínica ampliada e entre os dispositivos, o apoio institucional, o matriciamento e o apoio ao território. O distrito sanitário onde se deu o estágio possui 800.883 hab e uma extensão territorial correspondente a 17,81% do município. É dividido em três micro-áreas, de acordo com as características de cada região. O estágio na GT ocorreu de maio a julho de 2013, onde os residentes se dividiram por micro-área e participaram do planejamento e rotina das atividades, utilizando como principal instrumento de registro o diário de campo. A rotina dos GT consiste em visitas às unidades da rede, especialmente às USF e entre as principais atividades acompanhadas, destacamos: as reuniões de equipe, com a comunidade e de apoio matricial, onde a partir destas surgem as demandas, desde a resolução de problemas estruturais, de recursos humanos e até mesmo de provimentos de insumos. As reflexões produzidas no âmbito do estágio foram compartilhadas entre os GT, bem como no espaço da tutoria. Considerando o MDV, identificamos contradições no que tange ao papel da GT, pois a mesma foi implantada com o objetivo de instituir um processo de microrregionalização da gestão da atenção, aproximando os serviços de saúde aos distritos sanitários e, no entanto, a GT incorre também na reprodução de práticas hierarquizadas, pois essa forma de organização permanece nos demais setores distritais, centralizando todas as ações no território na figura do GT. As análises apontam para a necessidade de ampliação do número de GT por micro-área; a retomada dos fóruns distritais; e a criação de espaços de educação permanente para os trabalhadores.

Gestão do cuidado; Gerência de território; Modelo “Em defesa da vida”.