Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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INTERFACE ENTRE CULTURA E O PROCESSO DE TRABALHO DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE
Deyvyd Manoel Condé Andrade, Thais de Andrade Vidaurre Franco, Geilsa Soraia Cavalcanti Valente, Helena Maria Scherlowski Leal David

Resumo


Caracterização: no âmbito da atenção básica um dos atores sociais implicados na gestão do cuidado e do trabalho, são os agentes comunitários de saúde (ACS). Os ACS são imprescindíveis nas redes de atenção à saúde, dada sua capacidade de identificar peculiaridades que, em muitos casos, os profissionais de saúde, isoladamente, não dariam conta de identificar. Principalmente quando se trata de aspectos culturais e de acesso aos serviços de saúde. Descrição da experiência: trabalho realizado com 12 ACS de duas unidades básicas de saúde do município de Niterói, RJ. Utilizou-se o Arco de Maguerez, apoiado também na metodologia da problematização de Paulo Freire e rodas de conversa que utilizaram o INPA (Intervenção Participativa dos Atores). Ocorreu nos meses de dezembro de 2012 a fevereiro de 2013. Efeitos alcançados: A partir dos registros realizados pelos ACS em suas atividades de rotina, como visitas domiciliares e orientações dentro e fora da unidade de saúde, eles se reuniram, discutiram seus achados e pontuaram duas importantes contribuições para os serviços de saúde: a importância dos aspectos culturais nas necessidades de saúde da comunidade e as estratégias/alternativas que a comunidade utiliza para ter acesso aos serviços de saúde. Em relação à primeira, ficou evidente o uso de costumes populares que auxiliam no atendimento de algumas necessidades de saúde, estas passadas de geração a geração e que, segundo a fala dos usuários, possuem efeitos mais eficazes do que os tratamentos farmacológicos modernos. Já o segundo, ficou evidente que os serviços de saúde não conseguem atender as demandas espontâneas, o que força os usuários a se apoiarem em redes que facilitam o acesso. Estas são criadas a partir de laços, decorrentes de interações sociais, onde o “quebra-galho” é o recurso utilizado pelos usuários, como garantia de acesso aos diferentes níveis de atenção à saúde. Além disso, os profissionais dão pouco valor a esse capital social construído pela comunidade e que, de algum modo, interfere no processo de trabalho em saúde e nas necessidades de saúde. Recomendações: sensibilizar gestores e profissionais de saúde sobre a contribuição do saber popular para o atendimento de demandas em saúde e incluir no planejamento e avaliação dos serviços de saúde metas que possibilitem a identificação de especificidades dos itinerários terapêuticos utilizados pelos usuários. Além disso, assumirem postura ativa e crítico-reflexiva frente às políticas em saúde.

Palavras-chave


processo de trabalho em saúde; agentes comunitários; cultura

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