Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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AS TENSÕES RELATIVAS À PROPOSTA DE INOVAÇÃO CURRICULAR NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO DA UFSC: DESAFIOS PARA A INTEGRAÇÃO
Cristiano Ogasavara Simões

Resumo


Durante o processo de reformulação curricular é “natural” a existência de conflitos, relacionados às mudanças pretendidas na nova matriz curricular em relação às práticas acadêmicas hegemonicamente vigentes até então. O objetivo deste trabalho foi perceber os diferentes conflitos e arranjos existentes a partir da implantação da nova estrutura curricular do curso de graduação em Nutrição da Universidade Federal de Santa Catarina. A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa de caráter etnográfico, em que os “dados” foram obtidos através da observação participante nas diversas atividades relacionadas ao curso, tais como aulas, reuniões do Núcleo Docente Estruturante e do Colegiado do Curso, espaços de avaliação do currículo, entre outros. Durante a pesquisa foi possível perceber as diversas tensões relacionadas à implantação do novo currículo da UFSC - iniciado em 2009 - que está voltado para a formação do Nutricionista junto ao Sistema Único de Saúde (SUS), conforme preconizado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a área da saúde. A formação para o SUS denota todo um recorte sócio-pólítico relacionado à reforma sanitária brasileira e à busca pela atenção integral à saúde. Nesse sentido, o principal esforço realizado no âmbito do curso é a tentativa de integração entre as disciplinas de cada semestre através de um objeto integrador para cada fase do curso, que deve ser articulado por um professor “coordenador da fase”. Além disso, desde o início do curso os estudantes participam de atividades de campo nos territórios vinculados às Unidades de Saúde de Florianópolis, em que este cenário de prática deve servir como elemento fomentador da articulação entre os diferentes conteúdos. Nesse contexto, as principais tensões percebidas durante a pesquisa foram as de “inovação curricular vs manutenção da estrutura acadêmica”, “interdisciplinaridade vs estrutura burocrática-departamentalizada da Universidade”, “departamento de nutrição vs outros departamentos”, “interesse público vs interesses privados”, “Professores vs professores”, “Professores vs estudantes” e “estudantes vs estudantes”. Toda essa rede de conflitos se articula de diferentes formas, e cria um cenário de dificuldades na busca da interdisciplinaridade durante o processo formativo do Nutricionista, bem como para a formação voltada ao SUS e a atenção integral à saúde.