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EM BUSCA DE NOVAS PERSPECTIVAS EPISTEMOLÓGICAS PARA A FORMAÇÃO DO NUTRICIONISTA: UMA PROPOSTA
Resumo
Inúmeras discussões são realizadas por professores, estudantes e entidades de classe para se discutir a formação do Nutricionista. Nos debates relacionados ao perfil profissional é tema recorrente a necessidade de ele ser capaz de articular os mais diversos campos do conhecimento, como o biológico, social, cultural, político e o econômico, em sua prática profissional. O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma proposta de recorte epistemológico dos campos de saberes que fundamentam a formação do Nutricionista, visando contribuir para a articulação desses diferentes campos, contribuindo para a atuação deste profissional na melhoria do estado nutricional e de saúde da população. A metodologia utilizada foi a reflexão sociológica, de caráter ensaístico, a partir de categorias relacionadas à atuação do Nutricionista que aparecem como nevrálgicas para se compreender a forma de atuação deste profissional. As categorias apontadas como importantes para caracterizar a atuação do Nutricionista são as de biopoder, tempo e adesão terapêutica, oposição social-biológico e autonomia profissional. O biopoder se trata de um aspecto hegemonicamente utilizado na prática da biomedicina que não corresponde à realidade de atuação do Nutricionista, que tem como objeto de trabalho algo que o usuário tem grande autonomia sobre ele: o alimento. Além disso, práticas clínicas historicamente trabalhadas estão vinculadas principalmente a intervenção em curto prazo, o que também ocorre de modo diferente na Nutrição. A oposição epistemológica social-biológico se caracteriza como a oposição entre nutriente e comida, em que a articulação entre essas duas visões apresenta paradoxos e tensões. Por fim, o fato de o Nutricionista ter se originado de uma divisão técnica e social do trabalho da medicina lhe coloca em uma situação de semiprofissão e pouca autonomia profissional. Diante deste contexto, a proposta de perfil epistêmico elaborada defende a “autonomia interdependente” deste profissional, que deve colocar seus saberes sobre a natureza, a sociedade, a preparação de alimentos, e os de caráter subjetivo-pessoal em posição de relação com o indivíduo e coletividade em que ele vá atuar. Assim, a atuação articulada entre o saber do Nutricionista e os saberes populares pode aparar certas arestas existentes para a atuação profissional que está relacionada com as categorias anteriormente trabalhadas.