Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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MANDANDO UM PAPO: EDUCAÇÃO EM SAÚDE SOBRE MITOS E VERDADES DA SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Karla Maryane de Menezes Oliveira, Mirian Ferreira Coelho

Resumo


Caracterização do Problema: A adolescência é um período caracterizado por inúmeras descobertas, transformações e questionamentos, aspectos que vão desde alterações na própria fisiologia, passando pelo processo de autoafirmação em que há um enorme confronto com a psique desse indivíduo, até o início cada vez mais precoce da atividade sexual. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, a população adolescente entre 10 e 19 anos atingiu 17,9% da população do país, o que representa cerca de 34 milhões de jovens nessa faixa etária. Diariamente os jovens são expostos a mensagens implícitas ou explícitas sobre sexualidade, sendo a mídia principal veículo de disseminação dessa informação. Dentro desse contexto inúmeras são as reações diante dessa exposição, por se tratar de seres cheios de singularidades, alguns adolescentes tendem a negar sua própria sexualidade, a criar conceitos errôneos sobre a temática em questão além de ter receio de conversar com os pais e profissionais de saúde. Por isso utilizar ferramentas educacionais como a educação em saúde se mostra primordial e pertinente para a abordagem da sexualidade, favorecendo por meio dessa estratégia lúdica a adesão do público-alvo em questão a práticas sexuais seguras. Nessa perspectiva trabalhar com orientação sexual nas escolas acaba gerando polêmica principalmente quando os pais ou responsáveis desses jovens acreditam que dessa forma se dá um encorajamento, ou seja, um incentivo para que se ocorra a atividade sexual entre os adolescentes, sem dúvidas esse pensamento acaba servindo como barreira para a indrodução de programas e estratégias que desenvolvam atividades de prevenção e promoção de saúde. A orientação sexual no âmbito escolar é defendida e orientada pelo Ministério da Educação por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) que valorizam em suas diretrizes o conhecimento esclarecido nesse assunto com uma abordagem científica e ética. Infelizmente nos remetendo para a experiência da educação em saúde o que se pode perceber diante da atuação da equipe de saúde é ainda a prevalência do modelo retrógrado da submissão por parte da comunidade, ou seja, meros espectadores do processo saúde-doença, participantes de atividades elaboradas causadoras de dependência. É inegável a importância da participação da equipe de enfermagem visto que a partir de sua atuação diante do cuidado tem a oportunidade de promover a educação e através da estimulação da autonomia e do pensamento crítico, favorece no processo de qualidade de vida da sociedade envolvida. Descrição da Experiência: A experiência foi realizada no período de Maio de 2013, em uma escola municipal pertencente a Secretaria Executiva Regional I do município Fortaleza por acadêmicos de enfermagem do 5º semestre pela disciplina de Processo de Cuidar em Saúde da Criança e do Adolescente da Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza- FAMETRO com 35 adolescentes na faixa etária entre 13 e 15 anos e fora dividida em dois momentos. Ao iniciarmos nossa atividade educativa buscamos estabelecer um vínculo com o grupo de modo que pudéssemos trocar conhecimentos válidos tanto para nós acadêmicos como para os adolescentes. No primeiro realizamos um jogo com perguntas sobre mitos e verdades da sexualidade, para isso dividimos a sala em 05 equipes com 07 pessoas que respondiam em grupo se as afirmações eram certas ou não com uma placa que trazia o ícone de uma rede social (Curtir). Em seguida foram lidos questionamentos colocados em uma caixa de forma anônima pelos participantes sobre gestação e suas complicações nessa fase, planejamento reprodutivo e aspectos da fisiologia humana que eram esclarecidas pelos acadêmicos responsáveis pela atividade, sempre focando na interação dos adolescentes trazendo uma linguagem de fácil assimilação para os mesmos. Efeitos Alcançados: Foi percebido que ao realizar atividades que estimulem a participação dos jovens que se aproximem com sua realidade, que se tenha preocupação com a linguagem utilizada proporciona êxito para as discussões e facilidade como foi percebido durante a atividade que teve ampla participação e socialização de todos os adolescentes. Dentro da dinâmica percebeu-se o quanto os jovens mesmo com todo conhecimento advindo dos meios de comunicação ainda possuem dúvidas e vergonha quando o assunto envolve a sexualidade e as sensações que cercam esse momento. Intervir de forma assertiva nessa situação se torna crucial para as discussões já que a timidez se torna impecílio e dificulta esse processo. Outro ponto primordial para esse processo de aprendizagem é o despertar para o pensamento crítico, tornando assim os envolvidos responsáveis pelo processo de autocuidado. A autonomia se faz necessário diante dessa situação esperando que os envolvidos estejam abertos para a inserção de novos conhecimentos, para a curiosidade diante dos questionamentos surgidos além da criação de novos dispositivos favoráveis para o aprendizado. Portanto a educação em saúde é uma ferrramenta relevante para a disseminação do conhecimento científico por gerar experiências singulares, um exemplo claro é a evolução histórica da própria educação em saúde que a priore trouxe o conceito equivocado, onde a sociedade era culpabilizada e responsabilizada por seu estado saúde/doença, porém ao longo dos anos e após inúmeros estudos trouxe-se a perspectiva de interação dos saberes popular e científico, autonomia nas decisões tornando assim responsáveis pelo autocuidado. Recomendações: Trabalhar essa vertente com os adolescentes é considerado para muitos profissionais da saúde um desafio, por ser um público cheio de particularidades e em alguns casos apresentarem comportamentos de represália, negação ou não enxergarem como esse momento em que a troca de informações se faz necessário é importante para que se tenha uma vida sexual saúdavel e sem causar danos a sua saúde e de seus eventuais parceiros. Por isso é necessário que a frente das atividades de educação em saúde estejam profissionais capacitados, sensibizados enfim abertos a trabalharem nessa perspectiva, para que consigam criar artifícios que contribuam para essa experiência objetivando a promoção da saúde da população.