Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
A RODA DE ASSESSORES TÉCNICOS DA CORES - VI COMO ESPAÇO DE PRODUÇÃO DA GESTÃO REGIONAL DO NOVO MODELO
Maria do Carmo Moreira, Tatiana Mourão Dantas Vieira, Gilmara Maria Batista Tavares

Resumo


CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA: As rodas de gestão tiveram como objetivo apresentar e discuti o novo modelo de atenção em rede do Sistema Municipal de Saúde, para a partir de uma compreensão compartilhada, promover a remodelagem do sistema regional de saúde de Messejana , buscando responder às necessidades de saúde loco-regionais, ,referenciado nos conceitos, princípios, missão, visão e valores e compromissos assumidos com a sociedade, recém definidos pela equipe de gestão do nível central da secretaria de Saúde de Fortaleza, apoiada por uma consultoria em gestão de sistema de saúde, iniciada em março do mesmo ano. A esse tempo, a prefeitura de Fortaleza começava uma nova gestão política, cujo Sistema Municipal de Saúde dava início a construção de um modelo assistencial em rede, propondo a atenção primária como coordenadora da atenção, a partir da gestão de processos focada em resultados. Nesse contexto entendemos como modelo de atenção à saúde: Um sistema lógico que organiza o funcionamento das redes de atenção à saúde, articulando, de forma singular, as relações entre os componentes da rede e as intervenções sanitárias, definido em função da visão prevalecente da saúde, das situações demográfica e epidemiológica e dos determinantes sociais da saúde, vigentes em determinado tempo e em determinada sociedade (Mendes, 2011). A partir desse conceito de modelo de atenção temos uma tipologia para a compreensão dos modos de intervenção sanitária para o enfrentamento dos problemas de saúde: As condições de Saúde, (Mendes, 2011). Essas condições podem ser agudas e crônicas, a depender do espectro dos problemas de saúde. As condições agudas são eventos de curta duração que exigem resposta reativa, eventual e fragmentada, e de curta duração, tais como as doenças agudas. As condições crônicas são eventos de curso mais ou menos longo ou permanente que exigem respostas e ações contínuas, proativas e integradas do sistema de atenção à saúde, dos profissionais de saúde e das pessoas usuárias para sua estabilização e controle efetivo, eficiente e com qualidade (Mendes, 2011). Ao se apropriar desses conceitos a equipe de assessoria técnica regional se viu diante de um desafio: Como remodelar a equipe e o modelo regional de atenção a saúde de um sistema público descentralizado, que tinha a estratégia saúde da família como eixo estruturante, para outro modelo, focada na gestão de processos por resultados, centralizada e centrada na parceria público x privado ?.Esse processo de remodelagem do modelo de atenção e gestão foi disparado inicialmente em Messejana, que tinha como cenário o maior território da capital(42%, da extensão territorial de Fortaleza), com cerca de 580000 habitantes, contendo os bairros com pior IDH. Sua rede de atenção á saúde conta até o momento com 20 postos de saúde, 3 hospitais, 82 equipes de saúde da família assessorada por um grupo de 16 técnicos de nível superior e 10 trabalhadores de apoio administrativo.A violência se constitui no principal problema, sendo os óbitos por causas externas os de maior relevância., A atenção á saúde é prestada por uma rede de serviços com acesso restrito (43% de cobertura assistencial), de baixa qualidade, e com os trabalhadores pouco motivados.O objetivo do estudo foi identificar e compreender os significados, sentidos e produtos gerados nos diálogos produzidos nas rodas, para colaborar com o processo de remodelagem do modelo de atenção a saúde. A metodologia foi do tipo qualitativa (Minayo, que se constitui num relato de experiência do tipo estudo de caso. Os instrumentos metodológicos de onde foram colhidas as informações foram os relatórios de campo, os relatórios de reunião e os registros das tarefas realizadas pela equipe de assessoria técnica da regional. II. DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA: As rodas aconteceram a partir de exposição dialogada e círculos de cultura onde foram trabalhados os seguintes temas: Resgate histórico do processo de construção regional do Sistema de Saúde e discussão da situação de saúde de Messejana. Alinhamento conceitual dos conceitos e paradigmas em saúde relativos ao novo Modelo de Atenção em Rede, e da gestão por resultados propostos. Reflexão sobre a missão regional e compromissos com a sociedade e sobre o papel e atribuições das equipes de gestão regional, face às mudanças e situação de saúde. Readequação da estrutura técnico-administrativa regional para dar conta da implantação do novo modelo de atenção proposto e do Plano de Atenção Primária de Fortaleza. III.RESULTADOS OBTIDOS: As rodas de gestão regional foram espaços de reflexão e auto- avaliação do desempenho da equipe de assessoria técnica e de gestores, propiciando: A reconstrução compartilhada de suas competências; A compreensão crítica da remodelagem do modelo de atenção, que apontou para a necessidade de articular as principais políticas com o modelo de gestão por resultados, levando em conta os princípios de integralidade e equidade do SUS. A necessidade de ampliar o diálogo com as equipes de saúde da família e requalificar os processos de trabalho na atenção e gestão. Através do diálogo e reflexão coletiva a equipe concluiu que o nível regional da gestão tem potencial propositivo e descentralizador, papel normativo, de acompanhamento e operacional. Nesse processo dialógico das rodas foi produzida uma proposta de remodelagem da estrutura organizacional regional, em consonância com a proposta de modelo de atenção em rede. Como resultado desse processo dialógico foram reativados dispositivos de gestão como: colegiado gestor regional, colegiados gestores locais, colegiado com parceiros, câmara técnica de agente de saúde. IV. RECOMENDAÇÕES Retomar o exercício de alguns dispositivos de gestão e fortalecer os sujeitos coletivos. Implementar o diálogo com as equipes de PSF para proceder a requalificação dos processos de trabalho e a interação entre nível central e regional da gestão da SMS. Implementar as políticas de Humanização, Promoção da Equidade, Educação Popular e partilhar a gestão dos processos de educação permanente e de tutoria. Elaborar os fluxos dos processos de atenção e gestão regional em articulação com ao nível central da SMS e consultoria. Readequar a estrutura técnico-administrativa regional para dar conta da implantação do novo modelo de atenção proposto e do Plano de Atenção Primária de forma descentralizada.