Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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VAMOS FALAR DE SEXO? A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS SOBRE SEXUALIDADE E EDUCAÇÃO
Aline Veras Morais Brilhante, Ana Maria Fontenelle Catrib, Gracyelle Alves Remígio Moreira, Ana Cléa Veras Camurça Vieira, Cleoneide Paulo Oliveira Pinheiro

Resumo


Introdução: A sexualidade é importante para a saúde e qualidade de vida, estando clara a importância de abordá-la na adolescência, período de importantes mudanças físicas e psicológicas (LINDAU, GAVRILOVA, 2010; GARCIA, 2010; TORRES, BESERRA, BARROSO 2007; AMORIM ET AL, 2006). Entretanto, a educação sexual persiste como um tabu (LOURO, 2008). Os professores não recebem treinamento e os adolescentes ressentem-se da falta de uma fonte segura de informações. Essas constatações levaram à necessidade de compreender melhor as limitações e as dificuldades dos professores tange a questão da educação sexual. Objetivo: Compreender os tabus que envolvem a educação sexual e o contexto social onde esses são construídos e perpetuados. Método: Trata-se de um estudo qualitativo realizado com 10 professores de escolas públicas de Fortaleza, Ceará, Brasil. Os dados obtidos em maio e junho de 2012 com entrevistas semiestruturadas foram organizados e analisados segundo os princípios da análise do discurso (FAIRCLOUGH, 2003). De acordo com os discursos, pode-se agrupá-los nas categorias conceituais promoção da saúde, sexualidade e conflitos de geração. Resultados: Apesar do nítido interesse do Estado pela sexualidade dos adolescentes escolares, evidente a partir da proposta dos PCN, as experiências empregadas de educação sexual têm oscilado entre experiências transversais e biologizantes e a mera ausência da temática. A colocação do sexo em discurso parece gerar técnicas normalizadoras e normatizadoras de controle, o qual se exerce não tanto através de proibições e punições, mas através de mecanismos, metodologias e práticas que visam a produzir sujeitos autodisciplinados no que se refere à maneira de viver sua sexualidade. Os professores não recebem suporte adequado para trabalhar tema e, desse modo, não estão aptos a conduzir o assunto segundo uma abordagem crítica. Conclusão: Políticas educativas que se proponham efetivas ao lidar com as vulnerabilidades relacionadas à sexualidade não podem negligenciar o aspecto cultural da sexualidade e da própria adolescência ou desconsideras o contexto social, no qual esses dispositivos são constituídos. Caso contrário, atuarão como mecanismos de perpetuação de tabus e preconceitos, ao invés de instrumentos para redução de vulnerabilidade.

Palavras-chave


educação; sexualidade; adolescência

Referências


AMORIM, V.L.; VIEIRA, N.F.C.; MONTEIRO, E.M.L.M.; SHERLOCK, M.S.M.; BARROSO, M.G.T. Práticas educativas desenvolvidas por enfermeiros na promoção à saúde do adolescente. RBPS, Fortaleza, v. 19, n.4, pp. 240-246, 2006

FAIRCLOUGH, N. Analysing discourse: Textual analysis for social research.   Routledge, 2003.

GARCIA, C. Conceptualization and measurement of coping during adolescence: a review of the literature. Journal of Nursing Scholarship, v. 42, p. 166-185, 2010

LINDAU, S. T.; GAVRILOVA, N. Sex, health, and years of sexually active life gained due to good health: evidence from two US population based cross sectional surveys of ageing. British Medical Journal, v. 340, p.c810, 2010.

LOURO, G. L. Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. Pro-Posições, Campinas, v. 19, n. 2, ago. 2008.

TORRES, C. A.; BESERRA, E. P.; BARROSO, M. G. T. Relações de gênero e vulnerabilidade às doenças sexualmente transmissíveis: percepções sobre a sexualidade dos adolescentes. Esc Anna Nery Rev Enferm, vol. 11, n.2, p. 296-302, 2007.