Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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GARANTIA DO ACESSO ATRAVÉS DE AÇÕES DENTRO DO TERRITÓRIO
Roberto Ribeiro Maranhão, Diego Azevedo Conte de Melo, Tatiana Monteiro Fiuza, Marco Túlio Aguiar Mourão Ribeiro, Livio Gomes da Silveira

Resumo


O trabalho na Atenção Primária muitas vezes requer que os profissionais saiam de uma zona de conforto (WHITE, 2009) a fim de garantir o acesso (BRASIL, 1990) da comunidade aos serviços de saúde. Isso demanda algo que apenas um profissional realmente interessado em mudar a realidade de saúde de seus pacientes pode ter: Protagonismo. Pensando nisso foi que em 2009 um residente de medicina de família do Centro de Saúde Lineu Jucá em Fortaleza resolveu levar o atendimento para dentro do território (BORGES, 2012). Na prática, os atendimentos dos grupos de Hipertensão, Diabetes e Puericultura foram para uma associação chamada Pequeno Cidadão. Os grupos abrangiam pessoas com dificuldades de se locomover, dependentes de meios de transporte ou que simplesmente estavam impedidas, por conta de barreiras geográficas e sociais, principalmente a violência entre gangues rivais, de chegar até a unidade de saúde. A experiência foi capaz de integrar a equipe de saúde com a comunidade. Com os atendimentos dentro do território, foi possível testemunhar mais de perto sua dinâmica, peculiaridades e singularidades. Isso viabilizou melhor atuação dos profissionais, facilitando a organização das visitas domiciliares e oferecendo a oportunidade de intervenções mais rápidas e efetivas (BARRETO, 2013). Melhorou-se o acesso às vacinas, aumentando a cobertura; e por vezes contava-se com atividades multiprofissionais de assistência e promoção à saúde em conjunto aos profissionais do NASF. Ainda hoje, o trabalho iniciado há quatro anos continua. Mesmo com muitas pressões para que não haja mais atendimentos fora da unidade de saúde, persistimos seguindo principalmente o interesse da comunidade. Sabemos que, apesar das condições estruturais não serem as melhores, é a saúde que tem que ser levada à população, e garantir este acesso é de responsabilidade de todos nós atores da saúde. Aprendemos com essas ações que, apesar de a unidade de saúde ser o melhor local em termos de infraestrutura e viabilidade de procedimentos e consultas, quando se trata de garantir o acesso da população aos serviços de saúde, temos que abrir mão do que seria ideal para fazer uso do que é mais adequado e que trará melhor retorno a comunidade que prestamos cuidado. Contudo, experiências assim precisam ser valorizadas, principalmente pelos gestores, que por muitas vezes não vislumbram suas potencialidades e efeitos positivos sobre o que de fato importa: a saúde da população.

Palavras-chave


Acesso aos Serviços de Saúde; Atenção Primária à Saúde; Medicina de Família e Comunidade

Referências


BARRETO, Ivana Cristina H. C. et al. Educação em Saúde e Intervenções Comunitárias. In: DUNCAN, Bruce B.; SCHMIDT, Maria Inês; GIUGLIANI, Elsa R. J.. Medicina ambulatorial: Condutas de Atenção Primária Baseadas em Evidências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. Cap. 11. p. 98-106.

BORGES, Cleo; TAVEIRA, Valéria Rodrigues. Territorialização. In: GUSSO, Gustavo; LOPES, José Mauro Ceratti. Tratado de Medicina de Família e Comunidade: Princípios, Formação e Prática. Porto Alegre: Artmed, 2012. Cap. 28. p. 241-247.

BRASIL. Constituição (1990). Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990.

WHITE, Alasdair. From Comfort Zone to Performance Management: Understanding development and performance. Bélgica: White & Maclean Publishing, 2009. p. 20.