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As propostas de humanização e cuidado integral carecem de instrumentos concretos para sua implementação. Aos profissionais de saúde é cobrado que dediquem ao usuário um cuidado multidimensional – físico, emocional e espiritual – para o qual não se sentem capacitados. Isso gera frustração dos profissionais, insatisfação da clientela e adoecimento das instituições. Com base na hipótese de que a qualidade do cuidado oferecido nos serviços de saúde depende do cuidado oferecido ao cuidador – no caso, o profissional de saúde –, o Programa de Extensão “Terapia Expressiva como veículo de Cuidado Integral no Hospital Universitário Antonio Pedro – TECI-HUAP” desenvolve, há três anos, como ação central, o Curso de Extensão Cuidar de si com Arte. O curso reúne anualmente 32 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, nutricionistas, assistentes sociais, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e outros, em 4 horas semanais de encontros teórico-vivenciais e 5 horas mensais de estágio em campo no Núcleo de Atenção Oncológica (NAO) do HUAP, totalizando 190 horas. O programa tem como metodologia principal a terapia expressiva e como eixos centrais o cuidado de si (Foucault, 2004) e a transdisciplinaridade (I Congresso Mundial da Transdisciplinaridade, 1994). A denominação ‘terapia expressiva’ é utilizada em substituição a ‘arteterapia’, para designar o conjunto de procedimentos que utiliza materiais e técnicas diversos para intermediar a expressão de conteúdos psíquicos, com finalidades terapêuticas (Vianna et al, 2012; 2013). Possui fundamentação teórica na psicologia analítica de C.G.Jung (1985), segundo a qual conteúdos inconscientes são mais facilmente expressos por imagens do que verbalmente. No espaço do curso, cada profissional busca um encontro consigo mesmo e com os demais sujeitos que compartilham o mesmo processo, se reconhecendo como autor de sua vida e história, e percebendo a qualidade e importância de sua presença, para além de sua capacitação profissional específica. No trabalho de campo, na sala de quimioterapia e na sala de espera do NAO, sob um uniforme que carrega a imagem do centauro Quiron, símbolo do curador ferido, o profissional, consciente da própria fragilidade, pode acompanhar o paciente no processo de ressignificação da doença, da vida e da morte. Os profissionais referem grande impacto do curso sobre sua vida profissional e pessoal, com aumento de suas possibilidades de acolhimento a si mesmo e ao outro como sujeito, em sua individualidade e autonomia. A criação de espaços de convivência inter e transdisciplinares centrados no autocuidado deve ser mais difundida como instrumento de qualificação profissional e de melhoria da qualidade de cuidado.

cuidado de si, transdisciplinaridade, terapia expressiva