Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


Tamanho da fonte: 
ARTE E SAÚDE MENTAL: MÚLTIPLAS POSSIBILIDADES DE CONTATO
Jossane Candeira Spíndola Linhares, Dimitri Carlo Gabriel da Silva

Resumo


Este estudo visa compreender e apresentar como o uso de recursos artísticos e/ou expressivos pode auxiliar a relação do portador de sofrimento psíquico (PSP) consigo, com o outro e com o mundo, de modo a contatá-los vivencialmente. A pesquisa trata-se de um estudo multicaso de caráter qualitativo, que foi realizado a partir de uma pesquisa-intervenção na cidade de Parnaíba-PI, tendo como participantes onze usuários de um serviço particular de saúde mental que atende seus pacientes por convênio com o Sistema Único de Saúde. Para a instrumentalização foi realizada uma oficina de criatividade (OC) constituída por quatro encontros grupais; ao final da mesma, realizou-se uma entrevista individual com cada participante. Na análise de dados foi utilizada a análise temática de conteúdo (MINAYO, 2006), que nos permite procurar o sentido ou os sentidos de um texto. Já para a exposição da análise das comunicações dos dados obtidos escolhemos tomar por base as qualidades terapêuticas dos processos envolvidos na atividade artística (CIORNAI, 2004). É interessante salientar o caráter inovador desta pesquisa, uma vez que trabalhamos não só com recursos artísticos como facilitadores do contato, e sim fomos além, trabalhando com os recursos artísticos e/ou expressivos junto a PSP, ou seja, integramos arte e saúde mental – atuação ainda pouco discutida. Com este estudo compreendemos que os paradigmas ainda necessitam ser modificados de modo que passemos a perceber o portador de sofrimento psíquico como uma pessoa capaz, que precisa de autonomia, precisa ser visto como tal. Com os encontros da OC comprovamos que é possível integrar arte e saúde mental de forma eficaz. Logo, entendemos que as oficinas de criatividade poderiam ser de grande auxílio no tratamento de portadores de sofrimento psíquico se concretizadas em caráter permanente nas instituições e com configuração de grupo aberto. Assim, acreditamos que por meio do fazer artístico e contando com o acolhimento do outro, todo e qualquer sujeito pode expandir o conhecimento sobre si e os outros melhorando suas relações, pode ainda lidar melhor com os sintomas que apresenta, aumentar sua auto-estima, bem como ampliar seus recursos físicos, emocionais e cognitivos, além de poder encantar-se com prazer vitalizador do criar.

Palavras-chave


arte; criatividade; saúde mental; Gestalt-terapia.

Referências


Brasil. Ministério da Saúde. Clínica Ampliada e Compartilhada. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Brasília: Editora do Ministério da Saúde. Série B. Textos Básicos de Saúde 2009. Disponível em < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/clinica_ampliada_compartilhada.pdf> Acesso em 09 jan. 2013, 13:09:45.

Ciornai, S. (org.). Percursos em Arteterapia: arteterapia gestáltica, arte em psicoterapia, supervisão em arteterapia. São Paulo: Summus, 2004.

Ferreira Neto, J. L. Práticas Transversalizadas da Clínica em Saúde Mental. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 21, n. 1, pp. 110-118. 2007. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/prc/v21n1/a14v21n1.pdf >. Acesso em 09 jan. 2013, 13:21:48.

Gonçalves, E. do C. da C. Gestalt-terapia usando a arte como instrumento terapêutico. 2004. Disponível em <http://www.espacoterapeuticopsi.com/DetalhesSB.asp?Id=88&IdInformacao=230>. Acesso em 09 jan. 2012, 15:57:24.

Minayo, M.C.S. Os desafios do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. Ed. 9ª, São Paulo: Hucitec, 2006.

Rhyne, J. Arte e Gestalt. São Paulo: Summus, 2000.

Silva, D. C. G. da. Oficina de Criatividade: dispositivo para a Supervisão. 2003. Disponível em <http://www.lefeusp.net/index.php?option=com_content&view=article& id=79:silva-dcg-2003-oficina-de-criatividade-dispositivo-para-a-supervisao&catid=44:d issertacoes-de-mestrado&Itemid=62>. Acesso em 01 out 2011.

Vieira Filho, N. G. & Nóbrega, S. M. da. Atenção psicossocial em saúde mental: contribuição teórica para o trabalho terapêutico em rede social. Estudos em Psicologia, v. 9, n. 2, 2004, pp. 373-379. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/%0D/epsic/v9n2/a20v9n2.pdf>. Acesso em 20 fev. 2013, 23:53:19.

Zinker, J. Processo criativo em Gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 2007.