Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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OS PROBLEMAS ÉTICOS ORIGINADOS DA PRÁTICA DAS EQUIPES DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Micheli Recktenwaldt, Marielli Costa de Souza, Rafaela Schaefer, Carlise Rigon Dalla Nora, Jose Roque Junges

Resumo


Introdução: A Atenção Primária à Saúde (APS) enfrenta desafios no sentido da mudança do modelo de atenção que responda com mais efetividade aos seus objetivos. A Estratégia de Saúde da Família (ESF) constitui-se como a principal estratégia de reorganização da APS. Esse novo modelo exige mudanças nos processos de trabalhos e nas práticas correspondentes, originando novas questões éticas. O presente trabalho é um recorte do projeto “Construção de um instrumento de avaliação sobre a ocorrência de problemas éticos na Atenção Básica à Saúde”, que identificou a prática da ESF como uma categoria que reúne certos problemas éticos. Objetivo: Discutir as questões éticas da prática das equipes da ESF na sua busca de efetividade e qualidade. Metodologia: Trata-se de um estudo de corte transversal em que foram investigados 237 profissionais distribuídos em 12 unidades básicas de saúde do Grupo Hospitalar Conceição. A coleta consistiu-se da aplicação de um questionário fechado contendo 41 problemas éticos referentes à atenção primária a esses profissionais que gerou dados quantitativos sobre os quais procedeu-se uma análise fatorial exploratória de escores que chegou a oito dimensões centrais identificadas como comunalidades. Resultados e Discussões: Os problemas éticos relativos às práticas são os seguintes: “as equipes de saúde da família não colaboram umas com as outras”, “existe falta de respeito entre os membros da equipe da ESF” e “os profissionais da equipe não apresentam perfil para trabalhar na ESF”. O modelo da APS exige dos profissionais envolvidos numa responsabilidade coletiva, interdisciplinar, com a integração de conhecimentos clínicos e de saúde coletiva; o foco do cuidado deve ser a integralidade da assistência. O modelo e a configuração da APS exige um perfil de profissionais que consigam focar não somente nas condições agudas, mas principalmente dirigindo a sua atenção às condições crônicas, de promoção e manutenção da saúde; equilibrando a demanda espontânea com as demandas dos programas já estabelecidos. Quando um profissional não apresenta perfil para a atuar na APS, acaba por fragilizar a responsabilidade coletiva da equipe, por muitas vezes fragmentar a assistência ou guiar a sua atuação por níveis hierárquicos, quando toda a equipe de saúde deveria ser corresponsável pelo processo de assistência. Uma equipe com a responsabilidade coletiva fragilizada acaba por gerar problemas éticos na relação interna dos profissionais ou também na articulação entre outras equipes de ESF.

Palavras-chave


Atenção Primária à Saúde; Profissionais da saúde; Ética

Referências


Silva LT. Construção e validação de um instrumento para mensuração de ocorrência de problemas éticos na atenção básica [dissertação]. São Paulo: USP; 2008.

Zoboli ELCP. Bioética e Atenção Básica: um estudo de ética descritiva com enfermeiros e médicos do Programa Saúde da Família [tese]. São Paulo: USP; 2003.