Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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A PSICOLOGIA E AS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES GRUPAIS NO COTIDIANO DOS SERVIÇOS DA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE
Kamilla Sthefany Andrade de Oliveira, Rafaele dos Anjos Paiva, Maria Valquíria Nogueira do Nascimento, Isabel Maria Farias Fernandes de Oliveira, Keyla Mafalda de Oliveira Amorim

Resumo


Introdução: As práticas integrativas e complementares, entendidas como sistemas complexos e recursos terapêuticos que integram e complementam as demais ações nos serviços de saúde, partem de relações pedagógicas que estimulam vivências e aprendizagens que dizem do mundo em que as pessoas estão circunscritas, e, portanto, de suas subjetividades individuais e coletivas. Objetivos: o objetivo desse estudo é mapear e caracterizar as intervenções grupais realizadas por psicólogos, nos serviços da atenção básica em saúde, no município de Natal-RN. Método: Inicialmente, realizou-se o mapeamento, junto aos órgãos e departamentos do Município, das Unidades de Saúde com psicólogo na equipe. Foram detectadas dezenove unidades com esse profissional, vinte e cinco psicólogos inseridos nesses serviços e dentre esses, nove se faziam presentes em pelo menos uma atividade grupal. Realizaram-se entrevistas semiestruturadas com nove psicólogos que demonstraram consentimento livre, sendo dois desses integrantes do NASF. A análise das entrevistas fundamentou-se na perspectiva das práticas discursivas e produção de sentidos. Resultados: Dentre os grupos em que os sujeitos da pesquisa estavam envolvidos, destacaram-se: gestantes, mulheres, arte-terapêutico, rodas de conversa e atividades grupais em escolas. Às atividades coletivas atribuiu-se a importância de se constituírem enquanto espaços de cuidado integral, de ressignificação de sentidos, compartilhamento de experiências, empoderamento e fortalecimento individual e coletivo. As dificuldades apontadas dizem respeito à falta de recursos, de espaço físico adequado e, sobretudo, o modelo predominante curativo e fragmentado de cuidado que se reflete na postura da equipe e processo de trabalho pouco disponível para a participação grupal. Percebeu-se, ainda, o papel do NASF na implantação e apoio aos grupos existentes. Conclusão: Embora as mudanças na formação em Psicologia venham repercutindo no fortalecimento de práticas em saúde na perspectiva da promoção e de cuidado integral, o modelo hegemônico ainda se apresenta bastante arraigado, como evidenciam os resultados, e se coloca como principal empecilho na consolidação dessas práticas. É mister a implantação de políticas que induzam esses processos através de um plano de implementação, definição de recursos e estabelecimento de metas na perspectiva da consolidação das práticas grupais que se apresentam enquanto integrativas e complementares na atenção básica.

Palavras-chave


Psicologia; práticas grupais; atenção básica.

Referências


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