Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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CUIDANDO DO CUIDADOR: O PAPEL DA PSICOLOGIA E DAS EQUIPES MULTIPROFISSIONAIS DE SAÚDE
Sharyel Barbosa Toebe, Marcus Vinicius Castro Witczak, Ana Júlia Vognach, Franciele Moitoso, Cibeli Sopelsa, Daniela Tomazi Dossena, Cleci Aparecida Gomes da Silva

Resumo


Aborda-se aqui as relações entre o cuidador (familiar ou profissional) e a equipe multiprofissional e interdisciplinar frente ao paciente, que pressupõe um jogo de forças entre os cuidadores em si e os diferentes saberes que se interpõem nesse cuidar e as possíveis consequências do desgaste mental (SELIGMANN-SILVA, 2011). O contexto desta reflexão é o Serviço de Reabilitação Física Nível Intermediário (SRFis), projeto de extensão comunitária da Universidade de Santa Cruz do Sul. A definição de cuidador (familiar ou profissional) é dada pela Classificação Brasileira de Ocupações sob o código 5162 (BRASIL, 2002): “cuidar a partir dos objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer à pessoa assistida”. Este tema justifica-se, pois os cuidados prestados devem ir além do corpo físico - sentimentos e emoções de ambos versus o profissionalismo e a responsabilidade do cuidador. Nesse processo, muitas vezes este esquece a si próprio e ignora o autocuidado “que representa a essência da existência humana” (Guia Prático do Cuidador, BRASIL, 2009). A ênfase na relação entre o cuidador, que não possui necessariamente conhecimentos específicos e disciplinares, e as equipes de saúde deve ser precisa transmitindo e decodificando seus saberes, em termos da relação cuidador e paciente, inserindo as questões emocionais e relacionais aderidas ao vínculo afetivo. A sobrecarga do cuidador é intensa, estabilizando-se com a aquisição do aprendizado dos processos e a adaptação às novas situações. O construcionismo social fundamenta teoricamente esta articulação, onde a noção de indivíduo é entendida como uma construção social, pretendendo escapar a uma perspectiva individualista (SPINK, 2000). Centra-se nas práticas discursivas que são os meios pelos quais as pessoas produzem sentidos e se posicionam nas relações que estabelecem no cotidiano. A inserção do profissional da Psicologia no SRFis proporciona um espaço de escuta (individual e grupal) onde as vivências de sofrimento podem ser trabalhadas em um processo reflexivo, que valorize as práticas individuais dos cuidadores e ao mesmo tempo proporcione o suporte necessário para a continuidade das mesmas, frente aos desgastes mentais (SELIGMANN-SILVA, 2011). Como principal resultado tem-se o sentimento de recompensa pelo trabalho realizado, reforçando a sua própria identidade no trabalho de cuidar.

Palavras-chave


Cuidador; equipe multiprofissional; reabilitação física.

Referências


Referências:

 

BRASIL. Guia Prático do Cuidador. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília, DF: 2009, 2ª ed. http://pt.scribd.com/doc/50473596/Guia-Pratico-do-Cuidador-2-%C2%AA-edicao-Ministerio-da-Saude

 

BRASIL. Classificação Brasileira de Ocupações - CBO, instituída por portaria ministerial nº. 397, de 9 de outubro de 2002. Brasília, DF: 2002. http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/legislacao.jsf

 

SELIGMANN-SILVA, Edith. Trabalho e desgaste mental: o direito de ser dono de si mesmo. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

 

SPINK, Mary Jane P. (Org.). Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000.