Rede Unida, 11º Congresso Internacional da Rede Unida


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ASSISTÊNCIA À PESSOA COM REAÇÕES HANSÊNICAS: A CONTRIBUIÇÃO DOS SERVIÇOS E PROFISSIONAIS DE SAÚDE PARA A REDUÇÃO DO ESTIGMA
Lidiane Mara Avila e Silva, Reni Aparecida Barsaglini, Marcia Bomfim de Arruda

Resumo


A hanseníase se constitui atualmente, como um problema de Saúde Pública para a OMS, tendo registrado no Brasil 1,82 casos para cada 10.000 habitantes em 2010. Neste contexto, destaca-se o estado de Mato Grosso, que registrou no mesmo ano, 8,16/10.000 habitantes. Classificada como doença tropical negligenciada, a hanseníase afeta populações pobres, com pouca visibilidade e voz política e, ocupa lugares secundários nas prioridades nacionais e internacionais. Embora a detecção e o tratamento sejam previstos no primeiro nível de atenção à saúde, um expressivo percentual de adoecidos desenvolve reações hansênicas, caracterizadas por nódulos subcutâneos, marcas na pele, inflamação nos nervos, dentre outras complicações. Estas alterações corporais podem se constituir como fonte de estigma, uma vez que dá visibilidade à doença, tornando a pessoa discriminada nas relações sociais. Este estudo analisou em que medida mulheres com reações hansênicas são tratadas pelos serviços de saúde, considerando a dimensão simbólica da experiência de adoecimento no que se refere à estigmatização. Trata-se de pesquisa qualitativa, analisada do ponto de vista de sete mulheres em tratamento de reações hansênicas, entrevistadas em suas residências por meio de roteiro semiestruturado. Destacam-se nesta experiência as soluções temporárias oferecidas pela atenção básica, como o tratamento para outras doenças e o consequente diagnóstico tardio. Neste sentido, percebeu-se um diferencial entre esses profissionais e os de serviços especializados. Com relação às alterações corporais, a dor as impediu de trabalhar e de exercer atividades cotidianas, cabendo ao serviço de saúde legitimar a doença a fim de que fosse possível o afastamento do trabalho. A relação com os profissionais constituiu-se como rede de apoio, mais que a família em alguns casos, assumindo também o papel de promover a redução do estigma, mostrando que a pessoa com hanseníase não deve ser isolada, nem discriminada. As marcas corporais ocuparam lugar central na experiência, dada a relevância da aparência na constituição da subjetividade feminina, evidenciando que este aspecto deve integrar o tratamento. Ressaltamos a importância dos serviços de saúde na promoção de ações que venham suprimir o preconceito e a negligência, presentes na vida dos adoecidos. Cabe salientar, que em regiões endêmicas, a formação dos profissionais e a capacitação precisam efetivar-se em todos os níveis de atenção.

Palavras-chave


(reações hansênicas; serviços de saúde; estigma)

Referências


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